Ai ai, saudade...
Vírgula
Que preenche o vazio
Entre um encontro
E outro.
O coração nunca para
De bater ou de sentir.
Vírgula
Que preenche o vazio
Entre um encontro
E outro.
O coração nunca para
De bater ou de sentir.
Mas então se a saudade
É assim tão
Natural,
Natural,
Por que é que
Dói tanto?
Dói tanto?
É pelo medo que eu tenho
De deixar de ser
Vírgula
E transformar-se em
Ponto.
De deixar de ser
Vírgula
E transformar-se em
Ponto.
*
Esse é antigo. Deve ter alguns anos, mas eu resgatei e dei uma polida. Aí está. Estou começando esse trabalho de reler os poemas antigos e avaliar se servem ou não para um projeto que tenho. Não é tão fácil assim. Ler poemas antigos é estabelecer uma comunicação entre os diferentes tempos a que eu pertenço. Nem sempre eles se entendem, então eu preciso mediar. Respeitar o que antes me parecia genial e hoje me parece banal. Mais que respeitar, encontrar sentido nessa diferença de sentido e me conhecer um pouco mais. O Aldous Huxley escreveu, no prefácio de uma das edições do livro Admirável Mundo Novo, que ao revisar o livro muito tempo depois de tê-lo escrito, ele não pensava mais da mesma forma e sentia muita vontade de mudar tudo. Acabou não mudando porque o livro foi escrito em uma época da sua vida e era àquela época que a história pertencia. Não sei se terei a mesma maturidade, mas espero ao menos ser razoável e sensível nessas revisões que estou fazendo.
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